quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Querido,
Estávamos nos divertindo tanto assim, sem compromisso, rindo e conversando sobre qualquer coisa.
Às vezes, no meio da bebedeira com amigos um lembrava do outro, e isso não era uma coisa ruim. Eu sabia dos teus podres e não comentava, tu sabia dos meus e sempre falava alguma coisa com risinhos maliciosos.
Éramos uma boa dupla de amigos.
Mas você foi tão babaca, querido. E desculpa te chamar assim, não é uma coisa que eu gostaria de fazer, te chamar de babaca, que é uma palavra tão parecida com outra que eu usava muito pra te chamar, bacana. Mas hoje só consigo pensar nessa e te peço perdão.
Eu não quero você pra mim e espero que não entenda mal quando eu digo isso, eu só queria continuar a nossa amizade tão cheia de cores e risos, os nossos dias desaprumados e encontros escondidos na calada da noite. E as conversas, ah, as conversas... tão cheias de cultura e arte!
Eu até queria ter escrito alguma coisa pra você antes, mas você sabe, eu tenho estado ocupada. Eu queria ter falado sobre a tua barba, o teu bafo, a língua meio enrolada e o jeito tímido de um bom artista. Eu queria ter dito sobre o teu beijo que começou tão devagar, aliás, tudo no início foi tão devagar que hoje você nem parece a mesma pessoa, tão sem vergonha!
Eu queria ter contado sobre aqueles dois cabelos brancos, que você disse que surgiram só depois que eu apareci. Queria ter contado sobre a sua experiência trêmula naquele dia em que eu virei café no travesseiro, mas essa eu sei, não posso contar.
Mas tudo isso agora ficou pra trás, junto com essa tua atitude babaca. Não é porque a gente não vai viver no mesmo teto que a gente não tem uma história. Essa coisa de juntar trapinhos, colocar anel e inventar apelidos cafonas um pro outro é meio demodê, você sabe, eu te contei que eu gostava disso antes, mas isso foi antes dessa minha nova fase que é tão [ma]dura e [ma]terna. Hoje eu só queria a nossa febre, e até a nossa cerveja quente que você virou num certo carro pequeno.
Ah, querido, eu gosto tanto de você. Na verdade eu sempre gostei, você sabe. Mas acontece que você é um bom amigo, um bom companheiro, e eu não quero nada mais do que isso nessa vida. Lembra aquele primeiro dia? Tanto a gente falou na tal cobrança, no tal apego, e hoje estamos aqui, sentados no mesmo lugar e inacreditavelmente na mesma situação daqueles de quem falávamos.
Eu não quero que você me entenda mal, e eu sei que você não me julga, eu lembro bem do que você disse. Sei lá, eu só queria era te dizer isso tudo, e já que você não vem mais, eu espero que as palavras vão até você.


Um comentário:

  1. http://www.blogger.com/comment.g?blogID=21757214&postID=3754450966493489598&page=1&token=1383407937793&isPopup=true

    ResponderExcluir