terça-feira, 31 de agosto de 2010

Música Interior

Tem dia que eu fico vazia. Não aquele vazio melancólico que te faz dizer "estou com um vazio no peito". Um vazio devagar que gela por dentro, faz querer mergulhar no chão. Fechar os olhos e dançar, dançar, dançar loucamente, dançar, fumar, dançar, beber, dançar, entrar na música, ser a música, embalar meu próprio corpo que dança, cair exausta em uma piscina gelada e ficar lá no fundo por horas, horas, horas. Sem morrer. Vazio não é vontade de morrer. Vazio não é vontade de nada. Vazio é vontade de sentir. Já sei. Vazio deve ser o não-sentir e a ânsia de sentir que acompanha o não-sentir. Não quero você agora. Mais tarde, quem sabe. Não agora. Sinto sono e a vontade agoniada de dançar. O sono fecha os meus olhos até a metade. Não devia ter dormido tão tarde ontem, meu corpo já não agüenta. Pouco mais de duas décadas e os anos já começam a pesar. Que injusto! Talvez não, corrijo. Há alguns séculos as pessoas não esperavam viver muito mais que três décadas e eu exigindo a eternidade! Mas eu não quero viver para sempre, isso não é verdade. Eu só quero dançar e dormir. Estou sem conseguir me importar. Quero um pause. Faz calor e os passarinhos não calam. Quero dar uma volta de carro e enfiar minha cabeça para fora da janela, sentir o vento embaraçar meu cabelo e não me importar. Hmmmm. A fome. Enfim, sinto algo. Acho que vou almoçar.

Um comentário:

  1. Tem coisas que lemos e não temos palavras pra expressar o que sentimos ao ler... Essa é uma delas, o máximo que posso dizer, que vai facilmente me expressar é: BOH.

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